O tempo me levou o sorriso firme,
a alegria ingênua, os sonhos...
ah, o tempo me deixou mais chato,
preso a casmurrices tolas... mais duro.
O tempo aumentou minha ansiedade
não me ensinou a sentir a brisa,
sequer a ver o mundo com outros olhos...
ah, o tempo caminhou comigo
pesando-me nos ombros, embrutecido
a zombar das minhas quedas, do meu choro incontido.
O tempo deixou saudades, sufocou-me vontades
levou para longe – e enterrou de vez –
o prazer em ver, nas miudezas, o cosmos.
O tempo levou os encantos
deixou mágoas, soube ser carrasco,
também amigo e confidente...
o tempo.. ah, o tempo vai ao meu lado:
lê cada palavra que eu imagino,
debocha dos meus desejos inconfessados
sapateia nas minhas lembranças,
insistindo em me empurrar para o futuro.
O tempo, volta e meia, traz o passado
bombardeia minhas vistas com lembranças
me faz rir, chorar, praguejar, resmungar...
o tempo... de todas as companhias,
é a única que não me abandonou.
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