domingo, 31 de outubro de 2021

O TEMPO

 O tempo me levou o sorriso firme, 

a alegria ingênua, os sonhos...

ah, o tempo me deixou mais chato, 

preso a casmurrices tolas... mais duro. 


O tempo aumentou minha ansiedade

não me ensinou a sentir a brisa,

sequer a ver o mundo com outros olhos... 


ah, o tempo caminhou comigo

pesando-me nos ombros, embrutecido

a zombar das minhas quedas, do meu choro incontido. 


O tempo deixou saudades, sufocou-me vontades

levou para longe – e enterrou de vez – 

o prazer em ver, nas miudezas, o cosmos. 


O tempo levou os encantos

deixou mágoas, soube ser carrasco,

também amigo e confidente...


o tempo.. ah, o tempo vai ao meu lado:

lê cada palavra que eu imagino, 

debocha dos meus desejos inconfessados

sapateia nas minhas lembranças, 

insistindo em me empurrar para o futuro. 


O tempo, volta e meia, traz o passado

bombardeia minhas vistas com lembranças

me faz rir, chorar, praguejar, resmungar...


o tempo...  de todas as companhias,

é a única que não me abandonou. 





Poema: Raphael Cerqueira Silva
Foto: acervo do autor 

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

A VIDA SEGUE

 

           No telhado do Conservatório, pombos se acasalam. É primavera; talvez por isso esteja chovendo tanto neste outubro. Hoje, contudo, parece que não choverá: nuvens de chumbo se afastaram, já entrevejo sinais da imensidão azul.

          Na praça, as barraquinhas da feira já estão montadas, aguardam os legumes, as verduras, as frutas e, claro, os consumidores. Os pombos continuam o bailado. Um homem vai empurrando a bicicleta vermelha, a senhora à janela observa o movimento das ruas, maritacas brincam alheias ao que vai pelo mundo.

         Acordei ainda a pouco, com a escrivaninha cheia de asinhas de inseto. Dizem que são cupins; entraram ontem à noite pelas frestas da janela, enquanto chovia. Sempre vêm nessa época do ano, em busca do calor das lâmpadas. Há asinhas por toda parte, inclusive sobre os poemas de Álvaro de Campos que adormeceram ao lado do copo meio cheio. 

Antes de vê-los, contudo, zanzei pelo celular. Ainda deitado, ainda sonolento sorvi um pouco do que há de pior no mundo pela tela de quase sete polegadas. E o mundo não acordou feliz: perde-se Gilberto Braga. É difícil falar sobre a perda de artistas que se admira. Como bom noveleiro que sou, passei horas e horas de minhas noites diante da telinha assistindo às suas tramas. Quanta elegância e sofisticação tinham suas personagens, quanto ritmo tinham suas histórias... como era bom ver seus vilões em ação: Odete Roitman de Vale Tudo, Laura de Celebridade, Higino Ventura e Idalina de Força de Um Desejo, o Léo de Insensato Coração entre outras grandes e inesquecíveis personagens. Tramas urbanas, regadas a muita corrupção e ambição, arrivismo e competição, amores e dramas, comédia e crítica. As tramas de Gilberto eram a síntese do Brasil, contada capítulo a capítulo, meses a fio.

Tentar descobrir quem matou quem, como a mocinha se deixou levar pelo crápula, por que o casal se desfez, como assim ele vai ceder à chantagem?, que segredos a família esconde, torcer por este ou aquele personagem, esperar ansiosamente pelo derradeiro capítulo para dizer “que pena que acabou”... como é prazeroso se envolver em uma história que sabemos ser ficção e que, no fundo, sabemos ser também bem real... Gilberto fez ecoar em minha mente o verso “que país é este” onde os inescrupulosos, os corruptos, os salafrários, os chantagistas vencem. Desde 1989 tentamos digerir a banana que Marco Aurélio de Vale Tudo nos enfiou goela abaixo, rindo de nós a voar em seu jatinho para algum paraíso fiscal. Se existe televisão no Além, espero que estejam exibindo uma novela do Gilberto quando eu desembarcar lá.   

Enquanto busco palavras, o sol começa a lamber os telhados, a brisa ainda umedecida passa pelo meu quarto, o canto monótono de um bem-te-vi vem não sei de onde. Os pombos se foram. Preciso limpar a escrivaninha, tirar estas asinhas nojentas daqui, recolocar o Álvaro de Campos na estante. A vida segue. A este cronista-noveleiro só resta lamentar a morte de Gilberto Braga. E seguir meu caminho levando, claro, um guarda-chuva. Vai que chove de novo...

 

Texto: Raphael Cerqueira Silva 

Foto: acervo do autor

domingo, 24 de outubro de 2021

CRÔNICA CURTA

 

      

A crônica de hoje será curta. Prometo. E promessa, para mim, é dívida. O leitor pode crer no que digo: não sou como os políticos que elegemos. Por que a crônica será curta, indaga-me a curiosa leitora. Não é por preguiça, não. Um pecado ao qual não me rendo é este, creia-me. Também não será curta por falta de assunto: quem me conhece sabe que, se falta assunto, eu invento. Inventar é comigo mesmo, acho que noutra encarnação fui como aqueles inventores malucos de desenho animado... A crônica hoje será curta em homenagem ao tempo que “voa/escorre pelas mãos”. Texto curto, muito curto, curtíssimo; que não rouba o tempo do leitor.

       Escrevo ainda embriagado com as palavras de Herta Müller. Caiu em minhas mãos “Depressões”. Este livro de contos é meu primeiro contato com a escritora e tem me consumido prazerosamente o tempo. Mais não digo porque, primeiramente, a crônica será curta e, segundamente, ainda não terminei o livro. Em futuro texto talvez eu teça outros comentários.

Da chaminé do restaurante sai uma fumacinha marota. O estômago ronca, sinto trêmulas as mãos. A fome me ronda. Na cozinha, pratos, talheres, panelas e tampas ainda ensaiam para o concerto. A que horas sai o almoço, perguntam do corredor. Minhas mãos bailam no teclado, a mente volta no tempo... recordo Seu Boneco: que hora é a merenda? Parece até que ouço sua risadinha debochada ao pé do meu ouvido... O tempo passa, me sinto velho e encurvado como o Professor Raimundo... O tempo, diz a lição, é um constante vapt vupt.

Acho que há festa aqui por perto: ouço um falatório, a execução do hino nacional, música alta e chata. Bem, tudo tem sido chato nos últimos tempos... menos as palavras da menina do livro, e minhas lembranças. Ah, as lembranças insistem em brotar: deve ser efeito das chuvas que banham este outubro.

A crônica se propõe curta, e o será. Chegamos a quinze linhas, em fonte Arial. Conto linha por linha, tal como fazia na escola quando precisava escrever o diário. Noutro dia me disseram: meça suas palavras. Imediatamente me lembrei dos tempos de escola: eu media cada palavra, cada ponto, cada vírgula para compor o relato do dia e cumprir, assim, a obrigação de preencher as vintes e poucas linhas. Para mais detalhes desse tempo que não volta mais, sugiro a leitura de minha crônica “Meu querido diário”. Título sem criatividade, eu sei, mas o texto foi feito de coração. Eita que agora a frase saiu piegas, quase uma canção brega.

Melhor parar por aqui. Consumi vinte linhas, acho que cumpri a promessa. Nas próximas eleições, não vote em mim, democrático leitor. Promessa cumprida, me despeço e vou. 

 


 

Texto: Raphael Cerqueira Silva 

Foto: acervo do autor 

domingo, 17 de outubro de 2021

A FILHA PRÓDIGA

  

O domingo amanheceu derramado em chuva. As ruas se esvaíram em enxurradas, esvaziaram-se de gente. Exceto por um grupo que desceu o morro, sombrinhas e moletons coloridos, a caminho da missa. Fielmente, o cão magro e molhado seguia-o.

         A chuva é como o filho pródigo da parábola: corre mundo, não manda notícias, vive como se não houvesse amanhã, quebra a cara... sempre volta. E, ao chegar à casa paterna, encontra a mesa posta, o abraço firme, os festejos daqueles que tanto ansiaram seu regresso. Os sorrisos silenciam as perguntas; as lágrimas confortam.

         Os grossos pingos molharam a escrivaninha no breve instante em que fui ao banheiro; quase alcançaram os livros que, por falta de espaço, vivem empilhados ao lado da cama. No rádio, uma antiga canção me remete aos tempos em que “eu via o mundo azul”.

         O tamborilar monocórdio dos pingos na janela agora fechada é entrecortado pela algaravia das maritacas. Inquietas, saem como os sacis a reinar por aí, mesmo sob chuva. Alguém comentou mais cedo: quando o ônibus chegou, chovia demais; não desceu muita gente, não. Sempre chove quando há partidas; às vezes, também quando retornamos.

         Como o filho pródigo, a chuva desembarcou no domingo. Não obstante o cinza que se adonou do céu, há festejos para recebê-la. Tais festejos, contudo, não escondem o temor doutra partida: afinal, inconstância é o codinome da chuva... Este outubro tem sido de chuvas, de benfazejas e ansiadas chuvas. 

 


Texto: Raphael Cerqueira Silva 

Foto: acervo do autor

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Na fila da vacinação

        Manhã ensolarada, tipicamente de outubro. Ótimo dia para vacinar, ele ironiza enviando a mensagem pelo WhatsApp. Em instantes, chega-lhe a figurinha do jacaré rindo. Ironia por ironia, sou mais a minha ele pensa, desligando o celular e colocando-o no bolso. Desce a ladeira, rumo ao centro de vacinação.

A fila, ao contrário de quando tomou a primeira dose, está enorme. Ele suspira: da outra vez só tinha um sujeitinho atarracado pra vacinar. Só espero que eu não precise tirar foto de ninguém com a agulha enfiada no braço, ele pensa tomando seu lugar na fila. Da outra vez, o sujeitinho lhe pediu para fotografá-lo com um cartaz. Jamais se esquecerá: escrito com caneta vermelha, em caligrafia horrenda, #VIVAOSUS e #VACINASIM. As pessoas são terríveis, sorri, sob a máscara manchada de água sanitária.

Um homem de meia idade lhe cutuca o ombro: tem fila diferente conforme a idade? Ele olha em torno, como quem diz: só estou vendo uma fila e, cortêsmente, responde que não, é fila única. À sua frente duas mulheres reclamam do sol e do calor. Certamente reclamaram das chuvas e do frio que castigaram a cidade na semana passada, ele pensa, olhando a rua. As pessoas nunca estão satisfeitas, é incrível, conclui. Da esquina, um homem sem máscara e encurvado como matusalém encara a fila. Fala sozinho e sorri, sem tirar os olhos do povo. Está debochando de nós, ele pensa, desviando o olhar.

Uma mulher alta e magricela passa pela calçada, para, caça com os olhos algum conhecido na fila. Acena para uma baixinha de camisa amarela, se aproxima da mureta e pergunta: é fila pra quê. Ele pensa, ô curiosidade que essa gente tem... A baixinha responde que é para a segunda dose da Astrazeneca. A magricela apoia-se na mureta, comenta que ainda não tomou a sua “porque diz a minha vizinha que acabou”. Ele olha em volta,  pensando: o que eu e toda essa gente estamos fazendo aqui. A magricela repete e diz com a certeza dos sábios que ainda não tem segunda dose na cidade. A loira corpulenta, à frente da baixinha, interrompe o colóquio: chegaram mais vacinas, sim, a prefeitura divulgou no Facebook. A gente não tá entendendo mais nada, resmunga a magricela, e atravessa a rua. O velho continua sorrindo, olhos fixos na fila que só aumenta. Deve ser demente, ele pensa, dando mais um passo à frente.

Na loja de eletrodomésticos, a voz conhecida divulga as promoções da semana. A loira puxa conversa com um rapaz, diz que não acredita na eficácia das vacinas e que “quem tiver que pegar, pega; quem tiver que morrer, morre”. O rapaz concorda. Quanta sapiência, ele tem vontade de dizer. Mas não diz, prefere resmungar baixinho, recriminando-se por ter esquecido os fones de ouvido. A baixinha da camisa amarela entra na conversa, diz que na escola onde trabalha está muito difícil fazer os meninos maiores usarem máscara e “que até já comentei com eles que eles já devem ter pegado o vírus e se imunizaram sem saber.”

Um menino aponta o sujeito de camiseta cinza: pai, ele tá furando a fila! O povo começa a cochichar. O sujeito olha para trás e comenta “só vou perguntar uma coisinha pra moça ali.” Não convence a loira e a baixinha. Ele, indiferente, enxuga o suor que escorre na testa, dá outro passo. O carro de som passa anunciando mais um óbito. É o turco da loja de tecidos, comenta o homem de meia idade postado atrás dele. Como ninguém responde, ele se volta. Morreu de infarto, o homem arremata. Não o conheci, ele diz, virando-se para frente e dando dois passos. Finalmente a fila começou a agilizar, ele pensa, mirando os pombos no telhado. O céu está agradavelmente azul, como deveriam ser todos os dias na primavera, conclui, dando mais um passo. O sujeito apontado como furão sai, cabeça baixa.

Uma dona com uma criança grande demais para estar no colo vai ao balcão. As pessoas lá na frente da fila riem quando ela volta, puxando a menina pela mão. Tentou furar a fila, ele conclui. Um grupo na porta da farmácia olha o povo, parece admirado. Gente besta, besta e desocupada; até parece que nunca se vacinou, ele pensa. E, antes de dar mais um passo, conclui: talvez não tenha se vacinado mesmo, devem ser negacionistas. O carro volta, repetindo o nome do falecido. Devia ser proibido anunciar a morte, ele sentencia. As pessoas à sua frente encaram-no. Ele dá conta, então, que mais uma vez falou sozinho e, o que é pior, audivelmente. As pessoas, como uma tropa sincronizada, marcham dois passos. Ele as segue, de cabeça baixa.


Texto: Raphael Cerqueira Silva 

Foto: acervo do autor

domingo, 10 de outubro de 2021

RESGATE

 Ver o entardecer 

No domingo

É como ouvir 

uma velha canção:

Resgata em mim o humano

Adormecido, amordaçado

Sufocado durante a semana. 


Na repetição de atos 

E gestos, o humano se esvai

E o entardecer no domingo

Assim como uma velha canção

Resgata em mim o viver.



Texto: Raphael Cerqueira Silva

Foto: acervo do autor

domingo, 3 de outubro de 2021

Meu querido diário

 

 

      Lembranças dos tempos de escola brotam, inesperadamente; durante o banho, olhando a paisagem pela janela do ônibus, ao vestir o pijama, lendo revista, vendo televisão, no caminho de casa após um dia burocrático... também ao escrever. Sentado diante de uma folha em branco, quase sempre as memórias escolares, afoitas para se converterem em palavras, desfilam por minhas retinas. Hoje falarei de uma dessas memórias salientes que, volta e meia, insistem em virar vocábulo, ganhar vírgulas e pontos: lembranças de quando eu tinha que escrever um diário.

         Sim, na época do primeiro grau tive que registrar diariamente as coisas que fazia. Todavia, morando em uma cidade pequena e levando uma vida rotineira - alguns dirão apequenada – eu não tinha grandes feitos para narrar. Noutras palavras, não corria o mundo vivendo aventuras intrépidas e extraordinárias como as do Jonny Quest, Tio Patinhas ou Tintim. Então, só dando trato às bolas para conseguir manter um diário cujos relatos não se repetissem feito minha vida. Como precisava escrever para mostrar à professora e cumprir minha obrigação estudantil, eu inventava.  

         Por quê, diabos, você tinha que escrever um diário, indaga o leitor. Exigências de Dona Edith Fois, que justificava: diários exigem disciplina para escrever; só se aprende a escrever, escrevendo; escrita é prática. Não tendo outro jeito, lá ia eu contar, ou melhor, inventar sobre o cotidiano. Com o caderno brochura à mesa, a caneta a postos, a má vontade estampada na cara e meus resmungos ricocheteando nas paredes, eu tentava preencher as vinte e poucas linhas exigidas. Para isso, recortava e colava entre os parágrafos tiras de jornais ou revistinhas para ocupar a folha... e, claro, me esforçava para fazer “letra decente, letra de gente e não essas bostinhas de barata que você escreve” dizia D. Edith, para deleite dos colegas de classe.

         Eu odiava escrever o diário. Aqui não há exagero de cronista, não. Eu odiava mais o diário que as equações de matemática, a xaropada das aulas de religião, a educação física... Talvez por conta daquela obrigação cotidiana, criei certa resistência às aulas de português; e não escondia isso de ninguém (nem do próprio diário). Contudo, passados mais de vinte anos, vejo que a elaboração daqueles textos foi importante à minha formação. Enquanto eu copiava versos, descrevia o clima e as tarefas de casa, narrava as brincadeiras de rua e resumia os programas que assistia na tevê, eu estava, sem perceber, desenvolvendo minha escrita. Mesmo sem um assunto empolgante - como na maioria das vezes -, a obrigação de escrever me exigia atenção à qualquer coisinha, porque ela poderia virar o mote para o texto do dia. Os diários me impuseram disciplina, me estimularam a observação; acho que são a base para as crônicas que escrevinho atualmente. Por isso, quando escrevo, é inevitável lembrar D. Edith e os diários.

         O tempo consumiu os cadernos; restou um, que compreende os meses de junho a dezembro de 1997. Das páginas já amarelecidas transcrevo a seguir o registro escrito às 14:30 horas do dia 05/08, uma terça-feira. Peço ao leitor que releve os errinhos de pontuação e concordância, afinal, é o texto de um menino de quatorze anos. E, nessa idade, tudo é permitido a um menino, inclusive desvios gramaticais.

         “Hoje o dia está ventando muito. Fui para a escola (pois começou as aulas ontem) e imaginem só: a aula começou com a pior aula de todas – a aula de Português. Quando vi a professora entrar, vi que o dia seria terrível.

         Foi quando o que eu temia aconteceu: ela abriu a pasta de papéis e tirou duas folhas de exercícios.

         Tive então uma idéia supimpa: Tomara que esse exercício seja feito como Para Casa! Mas não foi bem assim. Tivemos que fazer lá, ou seja, não ia dar tempo mesmo, mas tinha que começar lá. De repente: TCHAM, TCHAM, TCHAM (adoro esse som) eu senti uma baita fome. Olhei para dentro da mochila para ver se encontrava algum resto da merenda, mas nada. O dia não estava para mim!

         Quando tocou o sinal saí mais que depressa, correndo feito um crazy! Ufa! Que bom voltar para meu lar doce lar!”

 

        

Texto: Raphael Cerqueira Silva 

Foto: acervo do autor

Madonna in Rio

            A Rainha do pop está entre nós. Ou melhor, em terras brasilis, desfrutando a brisa que assanha os cabelos das meninas e o corp...