Visconde do Rio Branco, Minas Gerais. Passam das 22 horas do dia 16 de outubro de 2020. Sextou para muitos. Para tantos, como eu, é só mais uma sexta-feira.
A garoa e o friozinho indicam meados de estação.
Dou a partida neste blog com o poema "Há um ano", que escrevi faz algum tempo (também disponível no www.recantodasletras.com.br) :
Há um ano
animálias embevecidas com sangue
rugiram e zurraram verdades.
Há um ano
abissal fosso se formou
regurgitando cacofonias verdes-olivas.
Há um ano
submergiram a ética e o crível
e, ante tanta vacância,
oníricos patriotas assaltaram
praças, campos, vielas.
Há um ano
as paredes, amedrontadas,
anseiam desfechos de folhetim.
Há um ano
em nome de Deus-Pai
as areias da orla emudeceram
as redes não mais aconchegam
e, exaustos, os coqueiros
não pensam na Liberdade.
Há um ano
o poeta sutura versos e sonhos
esperando a ferida cicatrizar.
Praça dos Três Poderes, Brasília, DF, foto do autor
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