domingo, 18 de outubro de 2020

O novo (velho) normal

    Difícil competir com a realidade. Dura - extravagante - realidade.  

  Na semana que lobos guarás foram achados em nádegas senatoriais, que nova onda virótica atormenta as Zoropa e que o Brasil parou para ouvir o rap do André, aqui nesta singela urbe tudo vai indo dentro do novo - velho - normal. Bares lotados, filas em lotéricas e bancos, ruas apinhadas, galera concentrada na avenida feito bloco de carnaval (falta só o Bel Marques ou a Veveta em cima do trio). As máscaras continuam nos queixos e nas mãos a proteger covinhas e dedos suados. Como dar tratos à bola e bolar um conto, um simples conto, que possa transportar o leitor para além da realidade. Pergunta que, talvez, nem o Oráculo de Delfos responderia.  

    Assim, sem ideias mirabolantes e vencido pelas extravagâncias do novo tempo, vamos de leitura. Entre moletons e cobertores, agradecendo aos deuses pelo friozinho primaveril que baixou nestas plagas, vamos de leitura. Para não surtar. 

   Aportou aqui, trazida pelas caixas super-rápidas da Amazon, o volume 1 de Vinland Saga. Um mangá narrando a saga - e os saques - vikings no século XI. Interessante que os vikings têm, todos, as carinhas de Dragon Ball e Naruto... Mas é leitura que prende. Parece que o herói Thorfinn, que luta para vingar a morte do pai, vai me entreter.  

  A transportadora da Amazon, que mais parece uma Enterprise numa viagem de dobra (pedido feito no sábado, aterrissou aqui na sexta), trouxe também "Mordidas por dentro". Que, no entanto, não me seduziu. O livro de Bruno Lima Penido define-se como poema em prosa. Uma sucessão de textos curtos falando sobre amor, tempo, angústias e outras emoções que, ainda, não me cativaram. Penido trabalhou com Walcyr Carrasco na TV Globo. Então, entende de sentimentos humanos, pois a essência da dramaturgia é o humano. Vou insistir... afinal, o friozinho pede leituras leves. E, perdoem-me o trocadilho, o livro publicado pela Instante é leve, muito leve. Suas 102 páginas ajudam a descansar as mãos depois da pesada - outro trocadilho infame, eu sei - leitura de Cem Anos de Solidão. 

    "Quando a chuva passar e o tempo abrir", comentarei sobre Macondo. Enquanto isso, aqui na urbe, segue o novo (velho) normal. 



                                            Visconde do Rio Branco, MG (foto do autor) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Outra vez no cinema

            Viu nas redes sociais que está em cartaz o novo longa dos Caça-Fantasmas. Nessas horas servem pra alguma coisa útil, essas redes...