ondas iam, ondas vinham...
na manhã quente nuvens carregadas
anunciaram chuva no horizonte
ondas iam, ondas vinham...
traziam conchas e, insensíveis,
desmancharam o castelo na areia
ondas iam, ondas vinham...
fortes, molhavam meus tênis
às vezes, certas gotinhas travessas
lambiam os pelos de minhas pernas,
excitando-me recordações não tão antigas
ondas iam, ondas vinham...
corria na areia, pisoteando conchas,
vez ou outra desviava de garrafas e latas
abandonadas no último luau
ondas iam, ondas vinham...
certamente viram na noite anterior
jovens afoitos para curtir a vida
entregues aos enlevos do amor
ondas iam, ondas vinham...
a memória procurou imagens e sabores
daquela alvorada quando, à beira-mar,
esperamos o sol, sem pressa,
banhados em suor
ondas iam, ondas vinham...
atletas iniciantes, admiravamos o mar...
pensamentos à deriva eram levados
pelo marulho constante das ondas
indo, vindo, indo, vindo, indo...
Texto: Raphael Cerqueira Silva
Foto: Morro de São Paulo/BA (acervo do autor)
Nenhum comentário:
Postar um comentário