quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Minas 300 anos

 

Minas Gerais completa 300 anos. A História registra: em 02 de dezembro de 1720, através do Alvará Régio de Dom João V, houve o desmembramento das capitanias de São Paulo e Minas. Era a época do descobrimento do ouro e o monarca, atendendo às recomendações do Conselho Ultramarino, autorizou a instalação da organização administrativa no território mineiro. Para não passar em branco a data, um poema de minha lavra. Não tão rico quanto as “Minhas” Gerais, sequer tão faustoso quanto suas igrejas e cidades históricas. Contudo, um poema. Pode não estar à altura do “estado diamante”, mas foi feito de coração, uai.  

 

Minas do ouro e das ladeiras históricas.

Minas das cachoeiras, dos vales

das serras cortadas pela estrada de ferro:

trem a levar gente, mercadoria

nossas riquezas minerais.

Minas do leite, café, gado, da cana.

Minas, infelizmente, da Vale e suas barragens:

muitos mortos no Bento, em Brumadinho

nas veredas e sertões esquecidos.

Minas do Paraíba do Sul, Doce e Xopotó

também esquecidos pelas autoridades, por nós.

Minas do povo hospitaleiro e pacato

- às vezes pacato demais da conta, sô.

Minas das vendas a vender Abacatinho, broa

pão de queijo, caldo de cana, docin de leite

pinguinha da boa, adonde se bate papo

sem às horas se atentar.

Minas do Skank e Jota Quest

do Clube da Esquina, do Lô.

Minas do Milton “Bituca” Nascimento:

musicalidade entranhada n’alma.

Saravá, Clara guerreira Nunes!

Minas de Ari Barroso, Nelson Ned e Pelé

do trapalhão Zacarias, a alegrar minha meninice.

Minas dos arraiás e festas de São João.

Minas da modas boa de viola e violão.

Salvem o Menino da Porteira, o arcadismo

o barroco dos Mestres Aleijadinho e Ataíde.

Minas é a poesia de Drummond, Conceição Evaristo,

da minha conterrânea Vanete de Barros.

Minas é a prosa de Guimarães Rosa, Luiz Ruffato

Zuenir Ventura, Bernardo Guimarães.

Minas são as crônicas do Sabino, do Afonso Romano

as travessuras do Ziraldo, nosso eterno Maluquinho.

Minas das bandas de música e filarmônicas

- um saudoso viva ao Maestro Altamir da Rocha –

Minas do Conservatório Prof. Theodolindo José Soares

         deixando sempre meus dias mais melódicos.

Minas dos anjinhos a coroar a Virgem

nas noites frias de maio.

Minas do trem bão, do uai.

Minas de Santos Dumont, Chica da Silva,

Tiradentes, Dona Beja, Itamar, JK.

Minas, meu berço, minha estação.  

Minas celebra 300 anos de luta,

gana, tradição, glória

muita história.  

               



Texto: Raphael Cerqueira Silva 

Foto: Praça Minas Gerais, Mariana (acervo do autor) 


2 comentários:

  1. Em Terras Gerais deixei um pedaço do meu coração..
    Abraços poéticos!

    ResponderExcluir
  2. Em Terras Gerais deixei um pedaço do meu coração..
    Abraços poéticos!

    ResponderExcluir

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