Esfriou na noite passada. Noite
desestrelada, escura escuridão. Não pensei que o sol viesse flanar pela manhã...
Nos cantos da casa, contudo, há frio e um futum de mofo que ainda não
identifiquei suas danadas origens.
Hoje eu poderia escrever sobre a
política e a CPI na Câmara; sobre a economia que, como Sá Marina, vai descendo
a rua da ladeira; falar do BBB, das partidas de buraco que sucessivamente perco
para os robôs da internet, do Rambo II que assisti pela quinquagésima quarta
vez... poderia versejar sobre a lassidão deste abril, talvez comentar as
contradições humanas que desfilaram ante meus olhos angustiados durante a
semana, ou resenhar sobre a travessia que fiz ao lado de Riobaldo no grande
sertão.
O sol embeleza, mas não acalenta. O
caminhão da Coca-Cola parado na rua traz à boca o sabor da infância: pastel de
queijo com Coca no bar do Hebinho; pizza com muito catchup e Coca nos sábados à
noite; Skiny, Coca e sofá para assistir ao Vale a Pena Ver de Novo; pão com
presunto e Coca para merendar no recreio... O caminhão resgata um tempo que,
sem querer querendo, atravessei. E, como o grande sertão de Rosa, se perdeu,
perdido empoeirado, na memória do meu humano ser. Neste caminho árido e
aventuroso, a travessia é dificultosa, de vela e saudade, de choros e
alegria....
Viver é perigoso: diz não diz o vento nas veredas do sertão. Falando em vento, acho que a noite vai ser fria, de novo.
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