Domingo cinzento. Friozinho e chuva
para serenar os ânimos, repensar os difíceis tempos pandêmicos. Dias assim
chamam nostalgia. Contudo, hoje não falarei sobre o passado, o quanto a
velocidade do tempo me atordoa. Inquieto, muitas vezes recorro às palavras para
entender a passagem do tempo. Todavia, é inútil. Por isso – e por ora – bastam
estas linhas. Deixo o tic tac prosseguir, pois não é possível ouvir o tac
tic...
Neste domingo, escuro como o bolo de
chocolate que fiz ontem, quero apenas ler o Antônio Prata. Não pensarei nas próximas
eleições, na politicagem que corre solta - e sem máscara – nas ruas; basta de
computar mortos e infectados, ansiar pela vacina que sabe-se lá quando chegará.
Sirvo-me de outra fatia do bolo
(acrescentar à massa uma colher de pó de café fez toda a diferença). Enquanto
meus olhos correm pela Folha, recordo as
colunas do Cony e do Gullar que davam elegância às manhãs dominicais. Largo o
jornal no braço do sofá: vou viajar no tempo e no espaço com a revista da Liga
da Justiça que chegou anteontem. Nestes dias lentos, leio em outubro a edição de
setembro, pois o correio ainda está em greve. Avante!
A meta para esta semana é me afastar
das banalidades facebookianas e dos instagramers; que são, infelizmente, a
síntese do nosso tempo. Menos redes sociais: menos raiva e frustração. Lutarei
como Space Ghost. Se vencerei, tenho dúvidas. Avante!
Na cabeceira da cama, Suíte Tóquio pela
metade. Deixarei para amanhã a leitura. Agora vou me enrolar no cobertor, embarcar
na Enterprise com o Capitão Picard para desbravar o espaço e, quem sabe, vencer
o tempo. Assim, o domingo viaja para o fim, e eu não vi o tempo passar. Amanhã
é feriado: crianças abrirão presentes, o noticiário falará de mais mortes... não
sei se a procissão da Padroeira passará na minha rua.
O tempo levou o domingo, como os
bueiros levam a chuva. O amanhã não será poupado também da tirania do tempo... olha
eu pensando e escrevendo, de novo, sobre o tempo! Ciclicamente volto a este
tópico que me angustia. Feito barata atordoada pelo Detefon ando, ando e paro
no mesmo tema. Amanhã será um lindo dia, canta o poeta. Eu tenho cá minhas
dúvidas...
*escrito em 11/10/2020
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